As medalhas saíram caro… O preço do ouro tem batido recordes ao longo do ano, e tudo indica que o metal possa passar dos US$ 3.000 por onça (30g) já no ano que vem.
Atualmente, a cotação está em mais de US$ 2.500/onça, com uma alta de mais de 15% só em 2024. Nos últimos 3 anos, o preço subiu 54%.
O que está acontecendo? Por ser um recurso limitado, o ouro é visto como um investimento seguro, que resiste a variações da economia — principalmente em momentos de instabilidade.
A China, por exemplo, tem buscado o metal precioso num ritmo nunca antes visto para engordar suas reservas internacionais e ter uma alternativa ao dólar.
O risco chegou, o ouro disparou: Se tem alguma coisa que não está em falta neste ano, é incerteza. Eleições nos EUA, Guerra de Israel e Guerra da Ucrânia são alguns exemplos de receios entre os investidores.
Outra razão para essa arrancada do metal é a possibilidade de o Banco Central dos EUA abaixar a taxa de juros do país pela 1ª vez desde a pandemia.
A recente evolução da onça: Uma nova era de ouro
Esse recorde é amplamente atribuído às expectativas de uma redução nas taxas de juros pelo Federal Reserve (FED), o banco central americano ainda nesta semana. Essas perspectivas foram reforçadas pelos comentários recentes de diretores do FED, sugerindo um possível afrouxamento monetário.
De fato, em um ambiente de taxas de juros baixas, o ouro torna-se um investimento mais atraente, pois não gera rendimento direto, ao contrário de outros ativos, como títulos.
As tensões geopolíticas, particularmente na Europa e no Oriente Médio, também desempenharam um papel crucial nessa subida de preços.
Os investidores, preocupados com as possíveis repercussões desses conflitos na economia global, buscaram refúgio no ouro, aumentando a demanda. Segundo dados da Reuters, esses fatores contribuíram para um aumento de quase 10% no preço do ouro desde o início do ano.
O papel dos bancos centrais e dos investidores institucionais
Outro fator importante para essa alta é a demanda crescente dos bancos centrais. Em 2024, eles compraram quantidades recordes de ouro, aumentando suas reservas.
De acordo com o Conselho Mundial do Ouro, as compras de ouro pelos bancos centrais no primeiro trimestre de 2024 chegaram a 300 toneladas, um aumento significativo em relação ao ano anterior.
Essa acumulação reflete a estratégia dos bancos centrais de diversificar suas reservas e se proteger contra as flutuações do dólar americano, um objetivo particularmente importante para países como China, Índia e Turquia.
Nitesh Shah, estrategista de commodities da WisdomTree, destaca que o ouro continua sendo um instrumento fundamental de proteção contra riscos geopolíticos e econômicos. Os investidores institucionais, por sua vez, também aumentaram suas posições em ouro, vendo nesse metal uma maneira de preservar o valor de seus portfólios em um ambiente de mercado incerto.
Além disso, os fluxos para os fundos com cotas negociadas em bolsa, os Exchange Traded Funds (ETF), dedicados ao ouro aumentaram de forma significativa durante a primeira metade de 2024, provando a confiança contínua dos investidores nesse ativo.
Perspectivas futuras para o ouro
O ouro parece bem posicionado para manter, ou até aumentar, seu valor nos próximos meses. Analistas da Reuters estimam que, enquanto as incertezas econômicas e geopolíticas persistirem, o ouro continuará a desfrutar de uma demanda sustentada. O que aponta para o potencial de novos recordes.
No entanto, uma melhora nas perspectivas econômicas globais ou uma mudança na política do Fed pode levar a uma correção dos preços.
Ainda assim, em um ambiente global marcado pela volatilidade, o ouro permanecerá como um pilar central das estratégias de diversificação de portfólios.
O alcance do patamar de US$ 2,6 mil (R$ 14,3 mil) por onça é mais do que um simples recorde. É uma afirmação da posição preponderante do ouro no cenário econômico global.
Diante dos riscos econômicos e geopolíticos, esse ativo histórico continua a desempenhar um papel crucial na gestão de riscos e na preservação de riqueza. Isso faz com que confirme o seu status como um investimento indispensável.
Com o Tesouro em dólar rendendo menos, o ouro fica ainda mais atrativo, já que a moeda americana passa a desvalorizar e o metal não.
Pode cair bem por aqui: O Brasil tem cerca de 12% das reservas conhecidas de ouro no mundo. Até 2027, projetos de mineração vão render investimentos de R$ 7,6 bilhões no nosso país — um recorde para o período.